Vou dar um pequeno relato sobre minha carreira profissional. Acredito que, para muitos, ela começa ainda nas ideias da infância ou adolescência, quando somos praticamente obrigados a pensar no que vamos fazer para começar a pagar nossos boletos.
Quando criança, sabia que meu destino seria algo científico ou relacionado à engenharia, mas eu era péssimo em matemática. Gostava de desmontar coisas e ver como tudo funcionava. Era sistemático e inquieto, precisava sempre aprender algo novo.
Na adolescência, me encantava com as vinhetas de Hans Donner na Globo e imaginei: queria trabalhar fazendo aquilo. Nos anos 2000, a publicidade e a computação gráfica estavam “bombando” — eu estava muito empolgado com isso e gostava de computadores. Então, em 2006, iniciei minha primeira formação em Desenho Industrial. Me encantei e me dediquei. Em 2010, a realidade já era outra: aquele otimismo em relação ao mercado havia ido embora, os conceitos já eram outros, a web já era 2.0, e o design gráfico impresso estava sendo rapidamente substituído pelo digital.
No início, era tudo muito interessante: fazer sites, e-mail marketing, diversas inovações na comunicação digital. Então surgiram as redes sociais e a popularização dos smartphones — a web já era responsiva.
Em 2015, as redes sociais já dominavam. O design ficava mais limitado a pequenos espaços pré-estabelecidos, os formatos eram padronizados, e a inovação estava presa. Tudo começou a ficar “mais do mesmo”.
Nessa mesma época, começou a era dos apps. Android e iOS já eram soberanos. A inclusão digital acontecia pelos smartphones que dominavam o cotidiano. A corrida por aplicativos era intensa. E o design? Continuava aprisionado aos padrões e heurísticas pré-estabelecidos.
Diante disso, comecei a focar em um design mais funcional — algo que eu já gostava muito ao trabalhar com embalagens. Algo mais técnico, mais pragmático. Foi então que conheci o UX, que considero um “bem bolado” entre técnicas de design, engenharia, negócios e pesquisa.
Achei genial — aliava tudo de forma muito coerente.
Em 2021, durante a pandemia, a demanda por software era surreal. Todas as empresas que ainda não eram digitais precisaram se tornar digitais. Iniciei um novo desafio de carreira: trabalhar diretamente com uma equipe de desenvolvimento de software. Foi um baita desafio entender o que eram um CRUD, um build, um commit. Mesmo entendendo inglês, eu não compreendia aquela “língua alienígena”.
E não é que fiquei encantado com aquela área? Ali percebi que precisava expandir meus conhecimentos para entender desenvolvimento de software. Durante dois anos e meio — que considero uma verdadeira faculdade remunerada — aprendi muito sobre como elaborar uma interface do zero, baseada em reuniões com clientes que queriam algo que não existia e, muitas vezes, nem sabiam exatamente o que precisavam.
Com a ajuda dos amigos desenvolvedores, aprendi a priorizar, a entender o processo, os desafios, e a desenvolver uma interface que atendesse ao usuário, à empresa e que estivesse dentro da capacidade de produção da equipe nas horas disponíveis.
Foi aí que percebi: eu queria trabalhar com isso.
Em 2024, iniciei uma nova graduação em Engenharia da Computação, cheio de medos, receios e aquela sensação boba de estar “andando para trás”. Fazer uma transição de carreira beirando os 40, em uma formação de cinco anos… Sim, era isso que eu queria.
Hoje, praticamente um ano depois, vejo que fiz a escolha certa. O mercado é competitivo, e a área de desenvolvimento é gigantesca. Tudo parece complexo, mas é algo que eu gosto, sou apaixonado. Sempre fui técnico em computação, e sinto que estou voltando às origens — agora unindo design e engenharia.
Sempre penso que, se está difícil, é porque estou no caminho certo.